Na sequência das recentes notícias sobre uma possível redução substancial na capacidade aérea nas rotas domésticas da Ryanair no Inverno IATA 2023/24 para os Açores, a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada vem reforçar a sua posição quanto à necessidade de manutenção das referidas rotas, com níveis de capacidade adequados à procura.
Só assim é possível não por em causa todo o trabalho que tem vindo a ser realizado no combate da sazonalidade, potenciador de um desenvolvimento turístico sustentável, que é aliás um dos pilares no qual assenta o PEMTA (Plano Estratégico e de Marketing do Turismo dos Açores).
Perder capacidade aérea instalada para os Açores no Inverno nunca poderá ser uma oportunidade de desenvolvimento, mas sim uma inequívoca destruição de valor no desenvolvimento do setor do Turismo dos Açores, que se traduzirá, já no curto-prazo, num retrocesso com impacto direto em todos os intervenientes, que saído de uma crise inesperada e profunda, não obstante se ter mostrado resiliente, precisa de crescer e consolidar negócio. Ficaremos todos a perder!
Os operadores económicos do turismo nos Açores já sinalizam uma quebra abrupta de reservas para o mês de Novembro de 2023, que decorre em grande medida da não existência de voos da Ryanair para venda on-line.
As acessibilidades aéreas, a par com a oferta/produto turístico e a promoção turística, são um pilar imprescindível ao desenvolvimento do turismo, sendo que no caso da Ryanair não só oferece disponibilidade de voos mas também desempenha um papel muito eficaz na promoção do destino Açores em toda a sua rede de rotas na Europa. Os voos domésticos do Porto e de Lisboa para os Açores, são especialmente importantes no Inverno para trazerem turistas da Europa para os Açores.
Acresce que é necessário retomar o investimento na promoção do destino Açores para que em complemento com a manutenção da rede das acessibilidades aéreas se possa garantir a necessária sustentabilidade económica ao setor, com especial enfoque na época baixa.
Considera assim a CCIPD que é imperioso reforçar a necessidade de se garantir a capacidade aérea da Ryanair no Inverno IATA 2023/24, idêntica à oferecida no inverno IATA anterior, sendo que qualquer assunção de que outras companhias aéreas vão, no Inverno IATA 2023/24, colmatar a ausência de ligações aéreas da Ryanair é sinónimo de assumir que estamos todos disponíveis para prejudicar a performance do setor do turismo na Região Autónoma dos Açores, com impacto direto em postos de trabalho e rendimentos para a região.
Em suma, a redução da operação da Ryanair, a companhia mais competitiva e equilibrada da Europa, significa: a perda de 50 a 70 postos de trabalho do hub de Ponta Delgada; uma evidência clara da perda de competitividade do destino Açores; evidência clara da insuficiência da promoção turística dos Açores; um retrocesso claro do percurso de desenvolvimento do turismo dos Açores; um risco acrescido para os investimentos em alojamento particularmente para os AL; um percurso inaceitável quando são ainda citados custos operacionais nos aeroportos dos Açores e do continente; o insucesso das políticas de conectividade da Região. Exige-se, pelo exposto, uma atuação incisiva por parte das autoridades responsáveis, regionais e nacionais.
Ponta Delgada, 14 de agosto de 2023
a Direção