A Direcção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada analisou a situação actual do turismo, manifestando a sua profunda preocupação com o estado do sector. Apesar dos bons resultados previsíveis do pico da época alta, que está a decorrer, considerou que estes não serão suficientes para contrabalançar as quebras que se têm registado e que as mesmas, com elevada probabilidade, poderão ocorrer na próxima época baixa, que já se avizinha.
Os dados estatísticos explicitam claramente a quebra que o sector vem conhecendo desde 2007. No período de 2007 a 2010, o total de dormidas na hotelaria tradicional conheceu uma redução global de 12,61%. As ilhas de S. Miguel e Terceira foram as que registaram naquele período perdas superiores à média, seguidas pelo Faial. Os últimos dados estatísticos revelam que no período de Janeiro a Maio de 2011, os Açores tiveram uma redução de 4,2% de dormidas, comparativamente com igual período de 2010. Neste período os proveitos tiveram uma variação homóloga negativa de 11%.
Nesse sentido, a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada congratula-se com o novo pacote de medidas para incentivar a procura do mercado nacional, que continua a ser o nosso maior mercado emissor, merecendo ser mais trabalhado. Congratula-se, também, com a perspectiva de aprofundamento da criação de tarifas IT – Inclusive Tour, que são tarifas confidenciais que incluem obrigatoriamente outras componentes para além do avião, neste caso, pelo menos o hotel. Esta Câmara já vem preconizando esta medida há mais de um ano. Esta é, no entanto, uma solução parcial, uma vez que é indispensável uma alteração estrutural do sistema de transportes aéreos, que passa pela mudança do modelo nas ligações inter-ilhas e nas ligações com o exterior.
Um novo modelo de transporte aéreo revela-se um imperativo, que esta associação empresarial tem defendido e que continuará a defender, como via para um melhor desempenho económico, de interesse para todos os açorianos. Recorde-se que o próprio memorando de entendimento celebrado entre o Governo português e a denominada troika (FMI/BCE/EU), aponta no sentido de uma maior liberalização do sector dos transportes aéreos, com a referência explícita à facilitação de entrada de empresas de baixo custo (low-cost).
O desafio do planeamento do turismo continua em aberto exigindo o contributo inequívoco de autoridades governamentais, associações empresariais, bem como de empresas desta indústria, nomeadamente hoteleiros, operadores turísticos (Tour Operators), agentes de viagens (DMCs), empresas de animação, restauração, rent a car, entre outros.
Ponta Delgada, 21 de Julho de 2011
A Direcção