A Direção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada/Associação Empresarial das Ilhas de S. Miguel e Santa Maria, reunida hoje, procedeu ao balanço da situação socioeconómica em 2020, bem como das perspetivas para 2021.
2020 foi o ano de todas as surpresas e incertezas, oscilando entre perspetivas muito otimistas no início do ano, designadamente para o turismo, e o desalento com o aparecimento da pandemia e as suas consequências. Foi um ano muito intenso de acontecimentos inusitados na nossa vida coletiva.
Às iniciativas estratégicas e ações públicas e privadas previstas para 2020, veio a sobrepor-se, a partir de março, a necessidade de responder à situação inédita decorrente da pandemia COVID 19, quer na ameaça à saúde pública, quer na gravidade do seu impacto social e económico.
Realça-se, como muito relevantes, as medidas públicas de apoio, nacionais e regionais, que foram sendo criadas ao longo do ano, embora nem sempre na altura certa e na sua adequação total às necessidades, que procuraram mitigar os impactos violentos na economia e na sociedade em geral.
A Direção entende realçar e elogiar o esforço e a resiliência que as empresas demonstraram ao logo deste ano, constituindo-se como um pilar fundamental na manutenção dos postos de trabalho.
O papel das câmaras do comércio revelou-se muito importante no acompanhamento permanente da situação, com uma intervenção constante, quer no diagnóstico quer na colaboração com as entidades públicas regionais na elaboração das medidas de apoio para mitigar os impactos da pandemia, procurando preservar o tecido empresarial regional, evitar o aumento do desemprego e o consequente agravamento da crise social.
Aguarda-se que o Plano de Recuperação e Resiliência venha a ter um importante papel na retoma da atividade económica, embora se lamente que o montante financeiro afeto aos Açores e a sua distribuição pelos diversos eixos de intervenção não tenha acompanhado adequadamente as propostas que as associações empresariais foram apresentando.
Esta Câmara apresentou oportunamente uma estimativa para a evolução da economia regional, prevendo que a queda do turismo se situaria na ordem dos 80%, enquanto que a economia em geral seria de ordem superior aos 10%. Infelizmente, estas previsões serão, com cada vez maior probabilidade, concretizadas.
As perspetivas para 2021 continuam incertas, embora já se preveja uma retoma da atividade económica principalmente no 2º semestre, comparativamente com 2020, mas ainda muito longe da situação verificada em 2019. Assim, no turismo, as previsões apontam para uma melhoria relativamente a 2020, mas mesmo assim a 40% dos valores de 2019. Na economia em geral, a perspetiva aponta para uma recuperação de cerca de 5%, quando comparado com 2020, com valores muito aquém dos de 2019.
A recuperação do turismo assume um papel fundamental na recuperação geral da economia.
A reconfiguração das acessibilidades aéreas e marítimas é também um pilar crítico para a recuperação económica.
A Direção tem elevadas esperanças relativamente à aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência, mesmo com as limitações referidas, bem como no novo plano financeiro plurianual comunitário que, se bem aplicados, poderão introduzir alterações estruturais, de maior sustentabilidade na economia regional, de geração de riqueza e de criação de postos de trabalho.
Outro motivo de esperança para 2021 prende-se com as novas políticas anunciadas pelo Governo Regional, designadamente ao nível do alívio fiscal para as empresas e para as famílias, bem como no compromisso de reforçar e dar prioridade ao pilar privado da economia açoriana.
A Direção faz ainda votos para que o processo de recuperação da SATA se desenvolva de forma escorreita e positiva, viabilizando e criando a sustentabilidade de uma empresa fundamental para a mobilidade dos açorianos e esperando também que o processo de reestruturação do Setor Público Empresarial Regional (SPER) venha a ocorrer de uma forma incisiva, tendo em conta o que foi a ilusão do passado a este nível.
Reitera a Direção o seu profundo apreço pelo esforço feito pelas empresas, ao longo de 2020, confrontando condições de dificuldade nunca experimentadas, envolvendo seus sócios, acionistas, gestores e trabalhadores, evidenciando todos um enorme sentido de realismo, responsabilidade e vontade de suplantar os impactos profundos que esta pandemia tem trazido.
Ponta Delgada, 29 de dezembro de 2020
a Direção